terça-feira, 10 de junho de 2014

O início - ataque de pânico



Foi a 1 de Janeiro de 2012. Sim, logo no primeiro dia do ano para começar bem. Melhor ainda, ainda nem 1h da manhã era. Ali estava eu, em pleno Piccadilly Circus, Londres, com milhares de pessoas à minha volta, cheia de fome e a pensar “epa caia agora mesmo bem era um Big Mac”. Lembro-me de olhar em volta por entre a multidão e do nada sinto uma sensação estranhíssima mas que não me era de todo desconhecida: parecia que de repente estava a sair de mim, tudo parecia uma espécie de filme 2D, o som parecia ter mudado, sentia a minha cabeça estranha, quase que me estava a ver fora de mim, algo quase indescritível. Ao longo de um ano esta sensação volta e meia aparecia durando uns 5 segundos e ia embora. Eu estranhava, assustava-me, não percebia o que seria, mas passava. Lembro-me de ter havido uma vez que essa sensação veio e durou mais que o habitual, dei uma volta na rua para apanhar ar e desapareceu; foi até a primeira vez que comentei com alguém aquele “estranhamento” que sentia, mas passou, esqueci. Ninguém percebia aquilo que descrevia. Voltando a Londres, aquela sensação foi brutalmente mais forte que o normal, teimava em não passar o que despertou em mim um medo horrível. Comecei a ter suores frios, vomitei, o meu coração parecia que saltava do peito, achava que ia ter um ataque cardíaco, vomitei novamente, a sensação não passava parecia que aumentava, toda eu tremia, por momentos julgo que apaguei pois lembro-me de estar em pé e de seguida só me recordo de já estar sentada. As pessoas começavam-me a meter medo mesmo sem me dizerem nada, sem olharem para mim, o medo que se acumulou no meu peito era completamente desesperante, só queria fugir, gritar. O meu corpo tremia sem parar, doía-me o peito. Lembro-me de dizer à pessoa com quem estava que queria que me dessem um tiro, queria sentir uma dor física extrema para conseguir sair daquele estado quase de transe. Obviamente que quem estava comigo sentia-se impotente, não sabia o que me havia de fazer pois nem eu mesma conseguia transmitir o que tinha. Queria tanto voltar para a casa onde estava hospedada qual porto seguro, e quanto mais eu percebia que ainda ia demorar bastante a lá chegar, mais medo eu sentia, mais chorava, mais me beliscava. Belisquei-me tanto para sentir dor, para simplesmente me sentir, sentir que existia. Finalmente cheguei a casa, só queria dormir, dormir muito pois sabia que no dia seguinte acordaria e tudo estaria bem. Errado, totalmente errado. Acordei, e imediatamente começou o início deste pesadelo.

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